domingo, 28 de junho de 2015

Ah, as viagens de ônibus...

A primeira vez que andei de ônibus (autocarro) no Rio de Janeiro tive um único pensamento: vou morrer! Para alguns que não conhecem esta realidade, o comentário pode parecer um tanto exagerado, mas, na verdade, foi isso que me veio à cabeça. Ultrapassagens a alta velocidade, passagem quando o semáforo está vermelho, travagens bruscas, proximidade aflitiva do veículo da frente são apenas detalhes desta aventura que é a de andar de ôbus no Rio de Janeiro. Não foi diferente quando comecei a andar de táxi, mas a verdade é que neste caso parece-me que há - globalmente falando - maiores cuidados.
Enfim, toda uma série de detalhes aos quais não estava habituada, confesso. Mais estranho é ouvir outros relatos que, a par dos detalhes anteriores, ainda acrescentam o que considero um "must": ter de dar indicações ao motorista. Sim: alguns destes motoristas são chamados para o cargo quase de um dia para o outro e, não raras vezes, desconhecem o trajeto que têm de fazer. Por isso, não é de estranhar que frequentemente tenham de contar com a ajuda e experiência prévia dos passageiros. Infelizmente, esta é uma situação muito comum e uma vez mais fomentada pela alta rotatividade deste tipo de profissão, bem como pela falta de formação profissional adequada.
Mas, não se desiludam: o que não falta são os cenários insólitos. Motoristas que não param no ponto habitual ("ponto" é o local oficial de paragem, como se diz por aqui) porque, ou estão com pressa para terminar o seu turno, querem encurtar o trajeto (sim, isso acontece: ônibus que se desviam da sua rota oficial) ou por outros motivos que nem sempre chegamos a conhecer. 
A par das situações enumeradas, há outras que escapam ao desempenho do motorista. Falo, por exemplo, das invasões dos ônibus. Geralmente feita por grupos que tentam forçar a porta de saída do ônibus, nem sempre estas invasões são sinónimos de assalto: às vezes "apenas" significam que a rapaziada quer andar de transporte público sem pagar. Já vi uma destas situações e posso assegurar que, ou o motorista abria a porta, ou os vândalos destruíam o veículo!
É ainda frequente que nos cruzemos com vendedores ambulantes de rebuçados e/ou guloseimas diversas nos ônibus (mais do que no metro). Normalmente, estes vendedores pedem autorização ao motorista para entrar pela porta traseira do veículo, evitando assim pagar o bilhete da viagem. Alguns destes vendedores "recompensam a gentileza" dos motoristas com algumas porções da sua mercadoria.
Exemplo de catraca existente em alguns ônibus
(crédito da foto: ANFS).
No que se refere à organização do transporte por ônibus houve um detalhe adicional que me chamou a atenção: a presença - não em todos, mas na maior parte dos ônibus - de um(a) cobrador(a), envolvido numa espécie de "refúgio" composto por barras metálicas. A par disso, a existência de catracas metálicas que o passageiro apenas passa, após ver a validação do seu bilhete/passe também foi algo a que não estava particularmente habituada.
Desengane-se também quem pensa que ao entregar o pagamento da sua viagem fica com algum papel/comprovativo da sua despesa: é feito o pagamento ao cobrador ou motorista, mas não é devolvido qualquer comprovativo ao passageiro. Ou seja: nem há bilhete, nem há recibo.
Para aqueles que quiserem comprar previamente um passe de ônibus (ou espécie de...) ou quiserem conhecer um pouco mais do funcionamento deste tipo de transporte, sugiro a consulta deste site ou deste. Caso o passageiro esteja perdido ou pretenda fazer alguma reclamação sobre a conduta do motorista ou outro transtorno que possa ter ocorrido durante a viagem, então tem ainda outros canais: aqui ou aqui.

Ah, não se assustem: há ônibus com bons motoristas e sem os percalços que referi anteriormente. Contudo, não se iludam: a Cidade Maravilhosa também tem os seus defeitos :)

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