sexta-feira, 29 de maio de 2015

Os podrões - não, à partida não é tão mau como parece.

O verdadeiro exemplo do que vos espera, quando comerem um podrão.
(crédito da foto: desconhecido)
Ao que parece, 28 de Maio é dia dos podrões. Na verdade, "podrão" ou "hamburguer" é, por aqui, a mesma coisa. Até há bem pouco tempo atrás, "podrão" era, para mim, um "cachorro quente". Felizmente que fui elucidada a tempo :)


Para quem não sabe, "podrão" é um termo que faz parte da gíria carioca. A "iguaria" começou a surgir em finais dos anos 90, na zona da Lapa, e facilmente se tornou num hábito incorporado na cultura carioca. Podemos encontrá-lo à venda em praças, pracinhas, saídas do metro, junto a casas noturnas, cinemas e afins. A panóplia de ingredientes que compõem o podrão é mais que muita.
Imagem inspirada no podrão de rua.
(crédito da foto: "Idea X")
Em alguns casos, podemos estar a falar de uma composição que chega a cansar, quando enumerada: sanduíche básico com hambúrgueres, linguiça, chester, fiambre, catupiry, salaminho, salsicha, ovo, queijo cheddar, bacon, provolone, queijo prato, cebola, alface, cenoura e pães de hambúrguer.

O termo, aumentativo de "podre" deriva da má reputação de alguns dos vendedores ambulantes, que usariam ingredientes de procedência pouco confiável e às vezes fora da validade. Além disso, as condições de higiene dos ambulantes nem sempre são submetidas à fiscalização da Vigilância Sanitária o que, como é fácil de adivinhar, em certos casos resulta em alguns problemas digestivos. Felizmente, outros vendedores tomam gosto no que fazem e cultivaram fama localizada.

Graças aos fenómenos televisivos, o hábito do "podrão" tem sido exportado para outras regiões do Brasil e estrangeiro. Para muitos, o termo é também aplicado a outras variedades de "hot dog", sanduíches e salgados vendidos por ambulantes, o churrasco grego (variedade de kebab vendida em São Paulo) e o X-tudo do Rio Grande do Sul. Também em São Paulo, é hábito colocar queijo cheddar e puré de batata nos podrões.

E vocês, ficaram com vontade de experientar?

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Tema quente: taxa de serviço.

Não bastando os preços absurdos da restauração e demais serviços na cidade Maravilhosa - nada contra, se, ao menos, o elevado preço correspondesse a um serviço de alta qualidade-, ainda temos direito a "bónus": taxa de serviço. 
Referência ao facto de o pagamento da taxa de serviço não ser obrigatório.
(crédito da foto: ANFS)
Quem "pousa" pela primeira vez no Rio de Janeiro e precisa de ir almoçar ou jantar em qualquer restaurante da zona, fica a perceber - quando lhe entregam a conta do respasto -, que tem um valor "extra" para pagar. Ninguém avisou, ninguém preparou, mas está lá: é a taxa de serviço. Supostamente, serão 10% ou 12% (neste caso, menos frequente, mas já visto) sobre o valor consumido. Diz-se que será para recompensar o mérito dos funcionários e que, por isso, esse valor lhes será entregue. Diz-se também que o pagamento desta taxa não é obrigatório.
De acordo com a Lei estadual 4894/2006, qualquer percentagem acima de 10% é ilegal. Se a casa insistir, o cliente deve reclamar no Procon ou denunciar pelo telefone 151.
Exemplo da conta num dos restaurantes do Rio: "acréscimo" de 10%.
(crédito da foto: ANFS)

Além da famigerada taxa, existe outro "extra" que a mim particularmente me incomoda: a taxa do couvert musical. Sim: se porventura existe música ao vivo no local onde decidem almoçar ou jantar, no final, quando recebem a conta, não é raro aparecer mais um valor para pagarem, o valor do couvert musical. É certo que não é obrigatório, mas não deixa de ser algo, uma vez mais, bizarro e difícil de aceitar, sobretudo se não foi o cliente a solicitar que houvesse música ao vivo. A solução pode passar por... não pagar: nem taxa de serviço, nem couvert musical. E é nessa altura que entram os olhares matadores dos funcionários.

Há outras questões implícitas e relacionadas com a existência da taxa de serviço na factura entregue ao cliente: quem garante que o valor é realmente entregue aos funcionários? Como é que a empresa que emite a factura comprova à Receita Federal que o valor da taxa de serviço não é um proveito? Mais, nos casos em que a taxa de serviço tem de ser paga em dinheiro e a conta restante foi paga em cartão, como obter comprovativo do pagamento da taxa de serviço se o cliente tem de entregar o comprovativo de despesa à sua entidade patronal? Difícil, 'né? No entanto, acontece. E muitas vezes!

"Gorjeta", "caixinha", "taxa de serviço", "couvert musical", não importa: deve ser, na minha opinião, sempre opcional e nunca aparecer na factura.

E vocês, o que pensam sobre o assunto?

terça-feira, 26 de maio de 2015

BikeRio ou as bicicletas laranjinhas.

O Rio de Janeiro tem várias formas de se dar a conhecer. Uma delas é através da bicicleta, alugada ou não. 
Apesar de os últimos dias terem sido profícuos em histórias menos positivas em relação a ciclistas ou meros transeuntes que fazem a sua vida, mais ou menos turística, mais ou menos profissional, mais ou menos pessoal, a verdade é que a bicicleta pode ser um excelente auxiliar para descoberta da cidade.
Actualmente, a cidade do Rio de Janeiro, uma das 20 mais cicláveis do Mundo, conta com 251 estações BikeRio, distribuídas por 300 km de ciclovias, com previsão de serem 450 km em 2016. Para quem quiser conhecer um pouco mais do mapa clicloviário da cidade, sugiro que passem por esta página.
Momento pós-chuva: todas as bicicletas inoperacionais (crédito da foto: ANFS).
Mas, falava eu de estações BikeRio. E o que é a BikeRio, para quem não sabe? As bicicletas da BikeRio estão disponíveis em estações distribuídas em pontos-chave da cidade. Trata-se de uma solução de meio de transporte de pequeno percurso para facilitar o deslocamento das pessoas nos centros urbanos. Através de um pré-registo na plataforma BikeRio, o ciclista pode optar por adquirir um passe mensal (válido por 30 dias e com um custo de 10 reais) ou diário (válido por 24 horas após a aquisição e com um custo de 5 reais). Qualquer pessoa, residente no Brasil ou turista, pode circular com estas biciletas, de cor laranja e presentes em vários pontos da cidade. Para saber como, explorem as informações disponibilizadas na página da iniciativa.
E agora perguntam vocês: e essa história da BikeRio funciona bem? Hum, nem sempre: em dias de sol, normalmente não há bicicletas porque todo o mundo quer a sua; nos dias de chuva ou de tempo mais "farrusco", normalmente o sistema de retirada das bicicletas está com problemas técnicos e isso impede que se possa utilizá-las.

E vocês, na vossa localidade também têm sistema de aluger de bicicletas? Se sim, como funciona?

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Espanhol, francês ou língua linda demais.

Algo que muitos de nós repara quando chega ao Brasil é que nem sempre somos compreendidos (no que diz respeito ao nosso discurso, entenda-se). O famoso "oi" ou um "não entendi" são quase sempre fórmula de saudação. Perante este facto, restam-nos duas soluções: respirar fundo e falar um pouco mais devagar ou, sempre que necessário também, adaptar o discurso. Reconheço que, quanto à adaptação do vocabulário ou tropicalização da fala, não existe consenso entre as pessoas com quem tenho privado. Contudo, sou a favor de que se adapte o discurso para que haja entendimento na comunicação. Não sou adepta, contudo, de renegar as origens: é possível a adaptação efectiva ao Brasil, sem necessidade de se ridicularizar com tentativas vãs de "abrasileirização".
Crédito da foto: desconhecido (retirada da internet).
A propósito, não me canso de lembrar uma conversa passada com uma Portuguesa. Dizia-me que, sempre que necessário, mudaria o chip para poder ter conversas com Brasileiros. Obviamente que sou a favor, sobretudo quando se trata de condicionantes laborais, como era o caso.
Ora, ultrapassada a primeira fase do problema linguístico, seguem-se novos episódios, quase sempre acompanhados de comentários como "você fala que língua?", "você fala uma língua estranha", "oba, você já fala português muito bem" (isto depois de alguma tropicalização linguística) ou outros que tais. Quem nunca passou por algum destes episódios que se acuse!

Bem, mas quando pensava que já tinha visto tudo, o pior aconteceu (e não raramente, repetiu-se):

Atendente (colaborador de loja) - "Oi, boa tarde. Precisando de ajuda?"
Eu - "Boa tarde. Sim: precisava de umas Havaianas, pretas simples, tamanho 37 europeu."
(medo, tenham muito medo)
Atendente (hesitante e confuso sobre a melhor forma de abordar este cliente especial)- "Claro. Te voy a ayudar"
(terror: devo ter ouvido mal, pensei)
(alguns minutos mais tarde...)
Atendente - "Aqui están las Habaianas"

Claro que, quase em estado de enfarte eminente, agradeci e já não quis Havaianas nenhumas (às vezes também tenho mau feitio!).

Mas que raio foi aquilo?!!?!! Um coisa é dizerem que não me percebem. Outra, bem diferente, é falarem com uma cidadã portuguesa, utilizando uma mistura de espanhol (ou coisa parecida!), francês ou assim-assim, só porque não percebem que português de Portugal e português do Brasil são muito parecidos?!
Só a mim é que isto parece mais do que "desatenção"?

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Wi-fi por aqui e por ali.

Um dos aspectos que me continua a surpreender por aqui é que em quase todo o lugar que se vá (para comer e beber, sobretudo) existe disponibilização de senha wi-fi. Ok, se calhar não vemos tão frequentemente essa disponibilidade nos quiosques junto à praia ou nos de venda ambulante de biscoitos, bebidas e afins; mas é certo que está mais ou menos generalizada pelo Rio de Janeiro a disponibilização da senha aos clientes.
Crédito da foto: desconhecido.



Posso estar errada, mas não me lembro de ser tão comum em Portugal.
Ora, eu particularmente sou adepta da política: não só porque uso frequentemente as redes sociais e whatsapp para combinar coisas com os amigos e colegas, mas porque quando atinjo o meu plafond mensal de internet, fico sem qualquer acesso aos dados móveis. A propósito, o assunto tem merecido alguma polémica por estas bandas.

Bem, mas acontece-me frequentemente pedir a senha wi-fi e por vezes não sou surpreendida - senhas 123456789 ou 987654321, são muito frequentes. No entanto, há um local em que todas as semanas (suponho) as senhas são alteradas. Olhem só os mimos: "sejabenvindo", "veioprapagar", "voltequerido", entre outros.


E vocês, já tiveram direito a senhas wi-fi originais?

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O porteiro.

Confesso que não estava habituada: ter alguém que controla cada hora de entrada ou saída em casa é algo que me provoca algum desconforto. No meu caso, o controlo faz-se das 7 até às 22 horas, mas não são raros os locais em que o controlo é feito de modo permanente. Falo dos porteiros, figura sobejamente comum nos prédios do Rio de Janeiro.
Mais câmara, menos câmara, mais portão de ferro maciço, menos portão, mais gradeamento do chão até ao céu, menos gradeamento, mais campaínha com som estridente, menos campaínha, mais pedido de identificação, menos pedido. Enfim, o certo é habituarmo-nos. Não foi diferente comigo.
Panóplia de acessórios de apoio do porteiro cá de casa (crédito da foto: ANFS).

O que é certo é que, ou não vemos de todo, ou é muito raro haver porteiros nos  prédios em Portugal e daí a minha admiração pela sua existência por aqui. 
No caso dos porteiros do meu prédio, não estão armados, mas encontram-se com um uniforme que facilmente os distingue dos restantes moradores. Não sei se em prédios mais recentes os porteiros estarão armados ou não. É bem possível que, nestes casos, a figura do porteiro tenha sido substituída pela do segurança e esse, provavelmente, estará armado.
Aliás, ver seguranças armados é algo perferitamente banal por aqui: a cada ida a uma instituição bancária somos confrontados com autênticos gorilas, armados e com colete à prova de bala.

E vocês, no vosso prédio também têm porteiro?

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Comida di Buteco: testemunho.

Fim-de-semana à porta e impõe-se a questão: o que fazer? Independentemente do local em que se encontrem, sugerimos que experimentem sítios novos, para visitar, degustar ou simplesmente para passear ou arejar as ideias. 


Bem, no que toca a comidas e bebidas, como já aqui se disse, a edição "Comida di Buteco" de 2015 teve como tema central as frutas, que deveriam estar presentes nos pratos a concurso. No que me diz respeito, testei vários locais na zona Sul do Rio: Baixo Gago (Laranjeiras), Botero (Laranjeiras), Bar Palhinha (Humaitá), Bar Urca (Urca), Boteco Carioquinha (Lapa) e Os Imortais (Copacabana). Os preços praticados para os pratos que testei foram de 12BRL a 34,90BRL. Esta diferença de preços poderá estar relacionada, a meu ver, com as quantidades proporcionadas, bem como o tipo de produtos que entraram nos referidos pratos.

Prato a concurso, no Botero (crédito da foto: ANFS).
Gostaria de destacar aqui alguns dos aspectos que me pareceram relevantes: nível prato, envolvência, atendimento e efeito surpresa. Refiro que esta é a minha opinião pessoal e que nenhuma influência tem no resultado final do concurso "Comida di Buteco".

Prato: Botero. Maravilhoso! Não sei se porque os sabores eram diferentes daqueles a que enquanto Portuguesa estou habituada, mas fiquei agradavelmente surpreendida por um prato bem farto, onde a presença do chutney de jiló e a farofinha crocante de coco me fizeram sonhar. Acho que este prato vai ficar na lembrança por uns belos tempos. Parabéns!

Mureta da Urca (crédito da foto: ANFS).
Envolvência: Bar Urca. O pequeno bar, nas mãos do Português Armando Gomes e sua família, localiza-se numa esquina entre a rua Cândido Gafree e a Avenida João Luís Alves, na Urca, e é acompanhado de um dos detalhes mais soberbos do Rio: a mureta da Urca, com vista para a Baía de Guanabara, Cristo Redentor, Ponte Rio-Niterói e ainda, de bónus, permite ter uma pequena imagem das descolagens a partir da pista do areoporto Santos Dumont. O prato apresentado a concurso é a versão petisto do famoso Camarão na Moranga, ali servido.

Atendimento: Botero. Hesito aqui, porque, apesar de ter sido razoavelmente bem atendida em quase todos os bares, talvez tenha sido este o que mais fez diferença. Embora tenha havido um erro na conta apresentada, não me parece motivo suficiente para penalizar a atenção dos colaboradores e a disponibilidade para explicar o prato e bebida - apesar de uma casa cheia e com fila de espera (isto porque rapidamente o colaborador compreendeu e corrigiu o erro, pedindo desculpa).
    Efeito surpresa: Baixo Gago. Estação de metro do Largo do Machado, mais meia dúzia de passos e, voilà, chegámos. Gente até à porta, como não seria de esperar em período de fim-de-semana. Embora não se trate de uma surpresa ao nível do prato, achei por bem referi-la. Em Portugal não é muito comum este "fenómeno", mas que aqui é frequente: garrafas de cerveja de 600ml. No entanto, desta vez não era uma cerveja qualquer: era cerveja Sagres, feita no Brasil. Apesar do diferente sabor, por momentos regressámos a casa.

    Bem, agora é esperar para saber qual o prato vencedor no Rio de Janeiro (e desejar que o possamos ter provado). Não deixem de visitar a nossa página no facebook: vamos colocar por lá mais fotos.

    E vocês, experimentaram algum prato da "Comida di Buteco"? Ficaram com vontade de experimentar?

    quinta-feira, 14 de maio de 2015

    O fenómeno "caixinha".

     Há cerca de ano e meio, mais ou menos por altura do Natal, percorri as ruas do Saara em busca de algo de que já não me lembro. Para quem não sabe, o Saara foi formado em 1962 e é uma associação de comerciantes de uma das mais antigas e dinâmicas áreas comerciais do Rio de Janeiro; a sua popularidade é tal que passou a identificar todo o trecho do Centro do Rio e que inclui as ruas dos Andradas, Buenos Aires, Alfândega, Senhor dos Passos e Praça da República. Um dia desses falo do assunto "Saara" com mais detalhe.
    Crédito da foto: Mercado Livre.

    Mas, dizia eu, estava numa das lojas do Saara e oiço algo que, confesso, na altura, me pareceu um mini cântico de Natal. Bem, achei estranho, ainda mais porque eram as próprias funcionárias que, assim do nada, o proferiam. Mais estranho é que parecia tratar-se de um cântico relativamente rápido.

    Bem, mas o tempo passou, esqueci o assunto e um dia, zás, lá voltei a encontrar cenário idêntico. Contudo, desta vez consegui perceber a totalidade do cântico: "obrrrrigaaaaadddddaaa". Oi? Mas obrigada por que razão? Então aqui vai: sempre que alguém colocava uma moeda ou uma nota dentro de uma caixinha próxima da zona de pagamentos (Caixa), a funcionária dizia alto: "caixiiiiinhaaaaa". Com isto, as(os) funcionários(as) que ouvissem, respondiam alto: "obrrrrigaaaaadddddaaa".

    A "caixinha" pode apresentar-se de diferentes formas: mais formal e de material mais resistente (madeira ou plástico) ou mais arcaica (pequenas caixas de sapatos ou outras forradas de papel de embrulho).
    À parte as cantorias e o fenómeno mais ou menos diferenciado, em Portugal também vemos esta caixinha de gorjetas. No caso do Brasil, as "caixinhas" podem não estar presentes todo o ano: no Saara, por exemplo, é comum ouvir falar da "caixinha de Natal" e da "caixinha de Carnaval", sendo até frequente que não se vislumbre o fenómeno "caixinha" durante outras alturas do ano. Em algumas lojas fora dali, no entanto, é frequente ver a "caixinha" a título permanente (exemplo de algumas lojas no bairro de Copacabana).

    "Gorjeta" ou "caixinha", mas, afinal, quem não gosta de um dinheirinho extra?

    terça-feira, 12 de maio de 2015

    Triciclo às voltas numa cidade caótica.

    Enquanto os posts sobre a "Comida di Buteco" estão a ser trabalhados, quero falar-vos de um transporte curioso existente nesta cidade.

    Um dos aspectos que muito me surpreendeu ao chegar ao Rio foi a presença de um veículo que não via em Portugal. Com o passar do tempo, fui-me habituando à sua presença pelas ruas da cidade do Rio e hoje até consigo entender o porquê da sua existência: o trânsito nesta cidade é caótico! De acordo com os resultados obtidos recentemente e pelo segundo ano consecutivo, o Rio de Janeiro ocupa o terceiro lugar no conjunto das 146 cidades mais congestionadas do Mundo. Excesso de automóveis? Falta de alternativas de transporte público? Geografia pouco favorável? Falta de infraestruturas rodoviárias? Enfim, muitas poderão ser as causas apontadas para este pouco honroso terceiro lugar.

    Triciclo com os garrafões de água vazios (Crédito da foto: ANFS).
    Bem, mas voltando ao veículo. Trata-se de um triciclo que permite transportar desde água (garrafões cheios e vazios), comida, electrodomésticos, gelo, etc. Circula um pouco por toda a cidade e permite fazer as entregas, por exemplo, das compras feitas nas várias lojas de bairro. É composto por uma parte semelhante à traseira com pedais de uma bicicleta; na frente existe uma espécie de carroço com duas rodas. Quanto ao condutor, umas vezes vai manobrando o triciclo com as mãos cruzadas, outras de mãos agarradas ao carroço.

    E vocês, já viram estes triciclos pelas vossas bandas?

    segunda-feira, 11 de maio de 2015

    Alma botequeira: "Comida di Buteco".

    Conheci a iniciativa "Comida di Buteco" em 2014, mas, já não me lembro por que razão, só visitei um dos botecos a concurso: a "Adega Pérola", em Copacabana. Aí testei o petisco sujeito a escrutínio, o "buraco quente" - pão sacadura recheado de catupiry e picanha suína grelhada e temperada com ervas finas, acompanhado de molho barbecue - e, de tão simples que pareceu, cheguei a casa cheia de coragem: vou fazer este petisco. Ora, não contei foi com um detalhe fundamental: o pão. Até hoje ainda não o encontrei por estas bandas.

    Bem, mas isso agora também não importa :)

    No Brasil, o boteco (buteco) ou botequim, ficou tradicionalmente conhecido como um lugar que serve de encontro entre "boémios", onde se procura uma boa bebida, petiscos baratos e uma conversa sem compromisso. No entanto, a "capital brasileira do boteco" é Belo Horizonte, onde existem cerca de 12 000 estabelecimentos - mais bares per capita do que em qualquer outra cidade do mundo.

    Logótipo da edição 2015 da "Comida di Buteco".

    A iniciativa "Comida di Buteco" existe desde 2000 para valorizar a cozinha de raíz e, de acordo com um dos seus fundadores, Eduardo Maya, pretende ser um prolongamento do espaço em que nos sentimos bem: a nossa casa! Este ano, a "Comida di Buteco" esteve presente em 20 cidades brasileiras e o tema central foram as frutas, que estiveram presentes em mais de 500 petiscos e botecos.

    Além da presença de um maior número de cidades (eram 16, em 2014), a edição de 2015 destacou-se pela presença de mais botecos (foram 400, em 2014). A par do tira-gosto a concurso, este ano o boteco participante foi também desafiado a apresentar um petisco com Doritos, um dos patrocinadores do evento.

    Depois de provar o petisco, o botequeiro (eu mesma) preencheu um boletim ("cédula") de votação e colocou-o numa urna. O voto dos botequeiros valerá 50% no total da votação; os restantes 50% serão atribuídos por um júri. Os pontos a avaliar são 4: o petisco, higiene do local, atendimento e temperatura da bebida que acompanhava o petisco. Suponho que em finais de Maio haja resultados oficiais mas, por aqui, durante esta semana e a próxima irei dar a minha opinião sobre o que vi e provei. Aguardem!

    E vocês, o que têm a dizer sobre os botecos?

    domingo, 10 de maio de 2015

    Orelhões no Rio.

    "Cabine telefónica" é o nome que lhe damos em Portugal. No entanto, aqui no Brasil é conhecida como "orelhão".

    "Orelhão" foi o nome dado ao protector de telefones públicos que foi projectado pela arquitecta e designer brasileira Chu Ming Silveira. Lançado na década de 70 nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, hoje é possível encontrar orelhões em todo o Brasil, alguns países da América Latina (Peru, Colômbia, Paraguai), Angola, Moçambique, China, entre outras partes do Mundo.
    Com o fim do sistema Telebrás no final do século XX, o Governo brasileiro decidiu que era necessário criar metas para a popularização do serviço telefónico e assim os orelhões passaram a surgir como opção para quem não tinha como pagar uma linha telefónica. Desta forma, passou a ser permitida a realização de chamadas telefónicas gratuitas. Para quem quiser saber um pouco mais sobre esta temática, vale a pena passar por aqui.
    No caso concreto do Centro do Rio de Janeiro, é bem conhecido o uso dos orelhões para propaganda de serviços sexuais. Aliás, este uso motivou mesmo uma acção do Ministério Público Estadual
    Verde água é a cor dos orelhões da cidade do Rio.

    Orelhões junto à estação de metro Siqueira Campos (Créditos da foto: ANFS).
    E agora, vamos ligar para casa?

    sexta-feira, 8 de maio de 2015

    Contamos com a broa?

    Festas dos santos populares em aproximação progressiva equivale a um pensamento súbito: sardinhas. E broa de milho. 
    Quanto às sardinhas, estamos safos: a oferta por estas bandas é quantitativa e qualitativamente boa. Mas, senhores, e a broa!?
    Broa de milho (brasileira) vendida no Rio de Janeiro. Nesta foto pode ver-se a apresentação exterior e interior. (Créditos das fotos: ANFS)
    Começo por contar um episódio que me aconteceu há largos meses.
    Recordo-me de que cheguei cedo para o compromisso que me levava até Botafogo, pelo que decidi "fazer horas". Ora: parei numa lanchonete, sentei e, ao olhar para o cardápio, lá estavam "elas": "broas de milho".
    Estranhei, confirmei se tinham as ditas broas e pedi para a colaboradora trazer. Antes de me chegar às mãos (boca?) perguntei o que eram estas "broas de milho" e a colaboradora respondeu que tratava de uma espécie de biscoito bem "gostosinho". Lá pensei: "não deve matar". Siga!
    E não é que era mesmo agradável? Não sei equiparar o sabor, mas destaco a presença de erva doce. Não tem a consistência fofa de um (verdadeiro) queque, por exemplo, mas é bem agradável e não é excessivamente doce.
    Se quiserem e tiverem competências nesse domínio, podem testar esta receita: pareceu-me simples e bem explicada. Contudo, esta agradável broa de milho nada tem a ver com a referência tradicional portuguesa.
    Well, por isso continuamos com o problema de encontrar a broa portuguesa. Na cidade de São Paulo parece que o caso tem sido fácil de resolver na famosa Casa Mathilde. Para já, algumas informações - não confirmadas - apontam para a existência do pitéu nos seguintes locais da cidade do Rio:
    - Emporio Lamego: Rua Carmela Dutra, 5 (Ru Conde. de Bonfim), RJ | RJ, 20550-045.
    - Talho Capixaba: Avenida Ataulfo de Paiva, 1022 A - Leblon | RJ, 22440-032.
    - Talho Café (filial do Talho Capixaba): Rua Marquês de São Vicente, 10, loja E, Gávea | RJ, 22451-040.

    Como ficou bom de ver, mais uma vez os usos e costumes de Portugal e Brasil não coincidiram. Para quem não conhece, a broa de milho portuguesa nada tem a ver com a brasileira: tradicionalmente assada no forno a lenha, é feita com uma mistura de farinhas de milho (branco ou amarelo) e trigo, ou milho e centeio (como a broa de Avintes), e levedura. Para quem quer saber um pouco mais sobre o modo de confecção da broa portuguesa, aconselho passar por este blog.
    Broa de milho (portuguesa) no forno a lenha. (créditos da foto: desconhecido)
    Pergunta que se impõe: será que poderemos contar com as broa de milho portuguesa para fazer umas sardinhadas por estas bandas ou vamos ter de contar com a broa de milho brasileira? :)

    Rio sem lixo (ou nem tanto).

    Quem vive no Rio de Janeiro sabe que existem graves problemas ambientais e com causas igualmente graves e muito diversas.

    Bem, mas nem tudo é mau e não é por isso estranho que me lembre constantemente do programa "Lixo Zero", implementado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, em Agosto de 2013. O programa "Lixo Zero" é realizado pela Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), em parceria com a Guarda Municipal do Rio de Janeiro.

    E em que consiste o programa? A pessoa - residente local ou turista-, que for apanhada a deitar lixo nas ruas (desde beatas ("bitucas", como se diz por aqui), papel de chiclete, latas de bebida ou muitas outras coisas) é obrigada a apresentar um documento de identificação oficial e recebe um auto de constatação emitido pelo guarda municipal. No entanto, se o prevaricador se recusar a mostrar o documento, será encaminhado à delegacia. A multa varia de acordo com o tamanho do lixo descartado: de R$170 a R$3.400. Para se ter uma ideia mais precisa: lixos menores até ao tamanho de uma lata de refrigerante implicará uma multa de R$170,00; se chegar até 1 m³, R$ 425,00, e se for um volume superior a 1 m³, a multa será de R$1.062,00. No caso de grande quantidade de lixo descartado e formando depósitos irregulares, a multa chega à R$ 3.400,00. 


    (Créditos da foto: ANFS)
    (Créditos da foto: ANFS)
    Ora, um destes dias, resolvi conversar com um colaborador da Comlurb que estava acompanhado de um guarda municipal. Fiquei a saber que houve uma redução brutal do número de incidentes "lixeiros"(na altura foram mencionados números, mas não memorizei), mas também passei a conhecer quais eram as nacionalidades que, segundo os referidos agentes, mais prevaricavam. Não sendo esta opinião vinculativa, alguém sabe o que me responderam? Aceitam-se respostas!

    quinta-feira, 7 de maio de 2015

    Food trucks: comida em movimento.

    Os "food trucks" começaram a ganhar força nos EUA e na Europa após a crise económica de 2008 quando chefs famosos e jovens empreendedores apostaram no novo ramo: servir comida mais ou menos requintada, na rua, numa espécie de pequeno "camião". Para se ter uma ideia, no final de 2013, Nova York, uma das cidades pioneiras neste conceito, já tinha uma associação de "food trucks" com 50 membros, que juntos tiveram uma receita de mais de 7 milhões de dólares. 
    Ora, mas afinal: o que têm os "food trucks" a ver com esta minha experiência no Brasil? A resposta é que foi aqui que experimentei o conceito pela primeira vez: apesar do sucesso crescente na cidade de São Paulo, a 1.ª feira de gastronomia e "food trucks" no Rio de Janeiro só aconteceu em finais de 2014.

    Enquanto consultora, não posso ficar indiferente ao conceito (um pouco mais trabalhado que as famosas comidinhas de rua, de que um dia falarei aqui) e destaco um ponto positivo e um que não o é tanto:

    - positivo: à entrada do recinto, o cliente é convidado a adquirir umas senhas, que lhe servirão para a aquisição dos vários produtos junto dos "food trucks". Não há pagamentos em dinheiro ou cartão nos "food trucks", mas apenas com estas senhas: se o cliente comprou determinado número de "senhas" e estas não lhe chegam para o seu consumo, então só precisava voltar à entrada do recinto para adquirir mais. Esta acção evita filas demoradas e tempo desnecessariamente dispensado em pagamentos junto dos "food trucks".

    - menos positivo: demora no fornecimento dos produtos de cada pequeno "camião ("caminhão", como se diz por aqui).
    Para já, uma amostra de um dos "food trucks" presentes na Feira Planetária que ocorreu nos dias 11 e 12 de Abril de 2015, no Rio de Janeiro. Este fim-de-semana (9 e 10 de Maio) há mais e no sítio do costume: junto ao Planetário da Gávea. Apareçam (ok, quem puder, claro)!

    (Créditos das fotos: ANFS)
    Ficaram com vontade de ver mais detalhes sobre o evento de Abril? Podem dar uma olhadela na nossa página do Facebook.

    E que tal criar um "food truck"? Vejam o que é preciso para o fazer no estado do Rio de Janeiro. É só seguir este link. Ainda assim, se precisam de mais informação genérica sobre a matéria, o Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - tem algo a dizer sobre isso no seu mais recente estudo lançado em Abril deste ano.

    quarta-feira, 6 de maio de 2015

    Cá estamos!

    A ideia não é de agora. No entanto, amadureceu e, finalmente, veio a público. O projecto "Work & Stuff" pretende ser mais do que um devaneio: será testemunho vivo de alguém que, mais do que trabalhar no domínio da Consultoria, gosta de viver e apreciar o que o rodeia. Para já - ainda que sem rigor cronológico ou pretensões de outro tipo -, irei dar testemunho da minha vida e peripécias no Rio de Janeiro (Brasil).
    Sejam benvindos!