sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Unhas para que vos quero.

Não tinha essa noção, mas no Rio é muito comum ir-se todas as semanas ao "salão" (nome por que é conhecido o cabeleireiro com ou sem manicure/pedicure), mais concretamente ir arranjar as unhas. Talvez isso também aconteça em Portugal, mas eu não me incluo no rol, portanto não tenho grande conhecimento de causa.
Lembro-me da primeira vez que quis arranjar as unhas cá e houve cinco aspectos que me chamaram a atenção: 

  1. há pessoas nas ruas a interpelarem os potenciais clientes com pregões ("salão, querida (o)?");
  2. acção "piloto-automático" dos trabalhos realizados pelas várias profissionais; 
  3. talão emitido pela manicure e que a cliente entrega no momento de pagamento, no caixa (parece-me que muitas destas manicures são "freelancers" e o papel serve para controlo das comissões a regularizar no final do dia de trabalho); 
  4. pergunta "tiro a pontinha?" (na verdade, "tirar a pontinha" é limpar um pouco da ponta da unha, fazendo com que o verniz dure mais, já que é a partir dali que normalmente a unha começa a descascar); 
  5. por fim, mas não menos bizarro: pintarem-me a cabeça do dedo sem dó nem piedade. Na verdade, o que depois se faz é limpar com pau de laranjeira e, obviamente, acetona, tudo aquilo que não é unha :) E sim, fiquei com as unhas impecáveis, apesar do susto :)
Portanto, quando estiverem por cá, não estranhem estes factos :)

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Olhares intimidatórios.

Gosto de ir ao supermercado com lista previamente feita e, sempre que possível, com preços comparados. No entanto, gosto igualmente de me deter junto às gondolas e verificar os preços, rótulos, validades e demais descritivos. 
Ora, quem habitualmente tem necessidade de recorrer aos convencionais supermercados da zona sul do Rio de Janeiro, sabe que existem figuras incontornáveis: os seguranças/vigilantes. Estas figuras serpenteiam por um e outro corredor, passando pelas frentes das arcas congeladoras, até à zona de saída com compras. Como não poderia deixar de ser, podem (tentar) imaginar a quantidade de vezes que as ditas personagens se movimentaram para perto de mim, sempre que me demoro mais um pouco a analisar os detalhes dos produtos...

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Será "apenas" uma questão de seios?

Em 2013, quando cheguei ao Rio houve uma polémica a propósito da liberação ou não do topless nas praias do Rio. Pois, exactamente: eu pensava que essa questão nem sequer era debatida, porque, para mim, cada mulher teria a liberdade para escolher o que fazer do seu corpo. Bom, mas não é isso que se passa por cá, uma vez que a prática de topless contraria o Código Penal, que “condena atos obscenos em locais públicos”.
Foto retirada da internet (autor desconhecido).
Ultimamente não tenho ouvido discussão sobre a matéria - talvez porque ainda não estamos na verdadeira época alta e de verão-, mas recordo, no entanto, que na altura da discussão do assunto, fez-se um apelo através das redes sociais para que as mulheres a favor da "despenalização" do topless aparecessem na praia de Ipanema em trajes "condizentes" com a manifestação. Recordo ainda que a organização previa a presença de milhares de participantes. Querem saber o que aconteceu? É melhor recordar a notícia.
Acredito que muitos dos que não vivem no Brasil não saberiam desta restrição. Não apenas porque não pensaram nela, mas porque os que eventualmente pensaram não suporiam que, num país onde os desfiles das escolas de samba mostram mais corpos (quase) nus, do que vestidos, a questão do topless não era sequer questão.
Esta questão nada mais me diz do que enquanto espectadora, pois nem sou assídua frequentadora de praias, nem praticante de topless. Mas, mesmo que fosse praticante: estaria a "corromper" a liberdade do outro? Tenho sérias dúvidas! Ainda assim, parece-me que haverá por aqui alguma hipocrisia nesta medida...

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Adopções de animais.

Infelizmente, não pude trazer o meu animal de estimação para o Rio de Janeiro. Foi preciso ser um pouco "egoísta" e escolher o que seria melhor para o animal que tinha em Portugal e que, felizmente, ficou muito bem instalado - e mimado! 
Quem anda pelas ruas da Zona Sul (que conheço melhor do que as demais) sabe que é muito fácil encontrarmos os passeadores profissionais de cães: uns passeiam os seus, outros são pagos para passear os de terceiros. Confesso que me surpreendi positivamente porque acho que a este nível as pessoas demonstram alguma responsabilidade. Por oposição, embora sejam mais comuns os cães de pequeno porte, normalmente não vejo os de maior porte com açaime. Neste caso, uma irresponsabilidade!
Bem, mas o motivo deste post prende-se com as adopções de animais. Toda a gente sabe que o flagelo de abandono de animais é grande, seja em Portugal ou no Brasil. Esse é um aspecto grave das duas sociedades. Contudo, o que tenho visto por cá é a proposta de soluções criativas para a adopção dos bichinhos: aos fins-de-semana e feriados, é muito comum ver feirinhas de adopção, quer junto às saídas de metro, quer na orla das praias, ou até em pequenas praças por onde passe muita gente. Todavia, não se pense que a adopção se pode fazer de ânimo leve: é necessário cumprir um conjunto de requisitos para que os animais não tenham de passar pelo mesmo processo que os levou até este ponto, o do abandono. Embora reconheça que as condições de adopção não agradam a todos, a verdade é que tenho visto que a iniciativa faz sucesso.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Crime stoppers.

Antes de chegar ao Rio, a maior proximidade que tive com uma arma foi a distância que me separava de uma tv ou da tela de cinema. Embora por aqui não me depare com armas espalhadas pela rua, o que é certo é que se vê muito e mais vezes armamento "bélico pesado" nas mãos da polícia ou militares com quem me cruzo nas ruas. É igualmente certo que a exposição a cenas de crime é muito mais imediata do que alguma vez foi na minha vida: não faltam artigos na imprensa com corpos baleados e cheios de sangue para o comum dos mortais poder "apreciar". Contudo, pode afirmar-se que não é sequer comparável a dimensão da cidade do Rio com qualquer cidade Portuguesa: os 10 milhões de habitantes que temos em Portugal cabem todos no Estado do Rio! Apesar dos elevados índices de criminalidade da cidade, estou de acordo com a excessiva exposição a imagens chocantes do crime? Não!
Além do referido anteriormente, quando cá cheguei fui igualmente despertada para o "Disque-Denúncia": basicamente, trata-se de um mecanismo criado na década de 90, destinado a receber informações anónimas da população sobre actividades criminosas, baseando-se na experiência internacional do "Crime Stoppers". A quem ajudar a capturar o criminoso A ou B é dada uma recompensa monetária e a garantia de total e absoluto sigilo. Para quem tiver curiosidade sobre o projecto que agora faz 20 anos, sugiro que passem na respectiva página, aqui.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Moda canina.

Há quem diga que em Copacabana se pode encontrar "tudo", incluindo figuras estranhas.
(peço desculpa pela foto não ser de boa qualidade).
É certo também que por aqui se encontram muitas pessoas que gostam de passear os seus cães e, não raramente, também aproveitam para uma mini conferência inter-canina. 
Um aspecto que considero interessante é que as pessoas - mesmo não estando a passear os seus cães - não se coíbem de elogiar e de fazer umas festinhas aos exemplares que vão vendo.
No entanto, quando cá cheguei desconhecia que a moda canina é "levada a sério": mochilas, sapatinhos, lacinhos, vestidinhos, fatinhos são "apenas" detalhes :)

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

É tudo uma questão de carne.

Carne ou... frango?

A questão surgiu por acaso e pouco tempo depois de chegar ao Rio. Estávamos a ver um programa de culinária na TV e, de repente, alguém diz que estava indeciso entre fazer um prato de carne ou de frango. Óbvio: "reis" de toda a verdade que éramos, crucificámos mentalmente a criatura que proferiu tal "blasfémia".
Entretanto, o tempo passou até que um belo dia percebemos que os "errados" éramos nós: aqui faz-se a distinção entre carne (porco, vaca e afins) e... frango (na verdade, deveria dizer-se antes "aves", mas a maioria das pessoas refere "frango", por oposição à carne).

Vivendo e aprendendo :)

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Extensão "garantida". Ou talvez não.

Confesso que estava mal habituada (só pode).
No entanto, eu ainda me consigo surpreender com estas "pérolas": numa determinada loja bem conhecida aqui do burgo, a funcionária explicava as opções de extensão de garantia de um pequeno produto eléctrico:
- [Empregada] Por mais 5 reais estende a garantia por 1 ano e por mais 10 estende por dois. Vale a pena estender por um ano porque, em caso de avaria, é dado um novo produto. Não costumo sugerir a extensão por 2 anos porque normalmente o produto não dura até lá.
- [Cliente] ...

E assim se consegue deixar um cliente sem palavras.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Insólitos religiosos.

Algumas vezes, em conversa sobre Portugal, uma das curiosidades passa por saber se somos católicos fervorosos. A pergunta era-me feita há uns anos, mas mantém-se actual. Não sei se somos muito ou pouco praticantes, ou muito ou pouco fervorosos, mas a verdade é que somos, comparativamente com alguns Brasileiros, mais recatados na nossa expressão de Fé religiosa. Na verdade, o que acontece aqui é que a diversidade religiosa é tão grande que a sua expressão também teria de ser diferente, não é mesmo? 
Ou são conversas na fila de supermercado que abordam linhas da Bíblia, ou são os apelos à frequência das diversas Igrejas existentes, ou são as anotações de "Jesus Cristo é Amor" nos recibos de compra, veículos e afins, ou são os cânticos religiosos como som ambiente nas lojas, etc., etc. Não faltam exemplos! O último: um empregado de restaurante servir os clientes e entoar cânticos religiosos e o Pai Nosso. 

Bem, pelo menos têm sido episódios alegres :)