quinta-feira, 28 de julho de 2016

Restrições.

Antes de imaginar a vinda para Luanda, mas já no âmbito da crise de falta de divisas que se tem vindo a sentir nos últimos meses, ouvia falar em restrições. Nalguns casos, achava - confesso - que poderia haver algum exagero nas afirmações: havia produtos em que as compras estariam restritas a "x" unidades por pessoa. Lembro-me de ouvir falar da água: duas garrafas de 1,5lt por pessoa, em alguns supermercados. Um pouco em choque pensei: "querem ver que não há água em Luanda?" No caso particular desta restrição, parece ter ficado a dever-se à falta de divisas internacionais para aquisição de matéria-prima para produção das garrafas.
Bem, mas entretanto chegou a minha vez de apreciar o mercado in loco: de fato, tenho vistos as prateleiras de supermercado preenchidas. Noto que faltam produtos (exemplo: nem sempre se encontra alho, batata, frango, produtos para combate a insectos, ...) ou não há variedade (em alguns supermercados tenho visto apenas uma marca de alguns produtos). Agora, a pergunta é: será que há restrições de compra de produtos? Resposta: vejam as fotos que tirei num dos supermercados conhecidos aqui da cidade.
Açúcar.
Água.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Somos todos manos. E manas.

O Mundo dá voltas, eu sei. O que não sabia é que, chegada a Luanda, descobriria uma infinidade de novos "manos" e "manas". É verdade: muitas vezes os locais tratam-nos por "mana" ou "mano".
(Bem me diziam que África poderia significar "família numerosa").

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Posso tirar foto?

Raras são as vezes em que não me faço acompanhar do telemóvel para tirar fotos: é prático, fácil de arrumar e está sempre "à mão". Obviamente que, ou por timidez, ou por questões de segurança, há alturas em que o telemóvel acaba por ficar escondido até que me sinta confortável para o fazer ver a luz do dia.
Mas, dizia eu, gosto de tirar fotos. Quando preparava a vinda para Luanda, ocorreu-me que deveria pesquisar informação que me permitisse estar atenta às particularidades da cidade (e do país). Foi por isso que estranhei uma das recomendações: há que ter algum cuidado quando se pensar tirar fotos a edifícios públicos ou agentes de autoridade porque nem sempre esse fato é bem aceite. Recentemente tive a oportunidade de partilhar a minha admiração com alguém que já vive em Luanda há algum tempo e, de fato, a informação prévia pareceu-me confirmada.
Por isso: atenção às fotos! (a foto abaixo foi tirada à sucapa.)
Banco Nacional de Angola.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Bom dia.

Quem já esteve em Luanda há-de ter reparado que, não raramente, quando dizemos "bom dia/boa tarde/boa noite", normalmente respondem-nos com "obrigada".
Será que o hábito se estende a outras províncias?

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Opções.

É sabido - e altamente comentado - que Luanda é uma das cidades mais caras do Mundo (a 2.ª mais cara, em 2016, de acordo com o estudo recente da consultora Mercer). Contudo, não me parece que seja fácil estar preparado para o que se encontra.
É evidente que, fruto das carências ao nível da produção interna angolana, por um lado, e da relação comercial antiga com Portugal, por outro, é fácil encontrar muitos produtos Portugueses. 
Vejamos: se considerarmos o câmbio oficial, 1€ = 185kwz (+/-), apreciem os preços de alguns dos produtos que destacamos: 
1 queijo de 500 grs (Castelões) = 2100kwz
1 lt leite (Mimosa) = 380kwz
Façam as contas e facilmente verão o preço de um litro de leite e de meio queijo...

terça-feira, 12 de julho de 2016

Zungueira

Da rua vinha um som diferente do habitual. Não eram os homens das obras. Não era, tão pouco, o malfadado som do gerador. Era um som agudo, como se alguém cantarolasse na ânsia de uma resposta. E foi assim que a conheci: uma das "zungueiras" que circula diariamente pelas ruas de Luanda. 
Descalça, com uma bacia de fruta à cabeça e uma criança sonolenta amarrada às costas, a jovem rapariga apregoava os seus produtos na ânsia de que hoje conseguisse levar algum sustento para casa.
Foto “Senhora com bébé” de Jose Carlos Costa.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Palancas negras.

A noite estava cerrada e o cheiro a terra húmida cruzava-se com as viaturas e pessoas que por ali circulavam. Os passos apertados, mas rápidos dos jovens que insistiam em pegar nas malas, misturavam-se com os dos passageiros que acabavam de chegar. 
Um pouco depois, os gritos, a histeria: alguém comemorava um golo que se via e ouvia na televisão junto à casa que agora nos recebia. 
E foi assim que começou a aventura angolana: no meio de uma noite de 10 de Julho eufórica.