quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Quinguilas (ou kinguilas).

Há alguns meses que se fala na falta de divisas estrangeiras em Angola: as transferências de salários e pagamentos ao exterior não saem facilmente, por isso a procura por dólares e euros é muito superior à oferta disponível. Como resultado, as taxas de câmbio e os negócios informais disparam de forma assustadora.
A propósito deste assunto, há uns meses ouvi falar nelas pela primeira vez: as quinguilas são uma espécie de "casas de câmbio" informais, representas geralmente por mulheres ambulantes. É nelas que se fala quando o assunto é a troca "informal" de dólares/euros por kwanzas (ou vice-versa). Confesso que imaginava que fossem umas figuras meio obscuras e "escondidas" em becos (quem conhece Buenos Aires, talvez perceba o filme que fiz).
Pois bem, um dia destes cruzei-me com as tão conhecidas quinguilas: numa praça, em plena luz do dia, havia algumas mulheres sentadas e faziam sinal para que nos aproximássemos - faziam o gesto do dinheiro, como o conhecia em Portugal (dedos polegar e indicador). Ignorámos. Uns dias mais tarde, parados e meio perdidos, fomos abordados mas com um toque na janela do carro. O mesmo sinal: o gesto do dinheiro. Espantoso foi saber que estas figuras também se encontram à saída de alguns supermercados. Digo "espantoso" porque a primeira vez que as vi achei que me estavam a pedir dinheiro e não a oferecer os seus serviços cambiais.

Imagem retirada da Internet e que representa uma das várias quinguilas da cidade.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Veículos para todos os gostos.

Já que estamos em "maré" de falar de automóveis refiro uma das minhas primeiras constatações: em Luanda vêem-se muitos veículos altos. Ao contrário dos pequenos e normais utilitários a que estava habituada nos países por onde tenho passado, aqui são comuns os veículos 4x4, SUV ou jipes. Dizem-me que a justificação é simples: há muitas "picadas" (estradas de terra batida), muitas estradas em mau estado e, além disso, as chuvas exigem veículos com competências especiais.
Além da questão do tamanho dos veículos, muito mais haveria a dizer, mas vou deixar para uma próxima publicação...
Um dos vários que se vêem nas ruas (foto da minha autoria).

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Talvez não seja a selva.

Buzinadelas (ainda assim, acho que menos que no Brasil), ausência de capacete ou cinto de segurança, circulação pela esquerda, utilização dos quatro piscas de modo permanente, faixas de circulação que se transformam em 4 ou 5, polícias que fazem as operações stop em hora de ponta. E por aí segue.
De vez em quando aparecem uns "eixos" viários que ainda hoje me intrigam: não sei se são rotunda, se são outra coisa qualquer. "E as prioridades?" Só me ocorre uma resposta: "é de quem chegar primeiro".
Talvez não seja a selva, mas quase parece. Temo que as experiências que tenho tido nos últimos anos não sejam positivamente enriquecedoras para a minha performance automobilística futura...
Resultado de imagem para transito em angola
Foto retirada da internet.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Toucas cirúrgicas: nova moda?

Quem já esteve em Luanda, seguramente terá visto: há muitas senhoras que usam uma touca cirúrgica descartável no dia-a-dia. Sim, leram bem: touca cirúrgica. Para quem nunca viu, imaginem: em vez de se andar com um chapéu ou qualquer outro acessório capilar visível, anda-se com uma touca. Há as toucas de cor verde e azul, mas é bem possível que existam outras soluções cromáticas. Não se pense que são situações ocasionais: o acessório faz parte do figurino que vai às compras, passeia, vai à missa e sabe-se lá que mais.
Dizem-me que será para proteger o novo cabelo aplicado, mas não tenho a certeza. Confesso a admiração, pois nunca tal tinha visto. Se porventura alguém souber por que o acessório é usado diariamente, que me avise.
Imagem retirada da internet: touca semelhante à que se vê diariamente por aqui.


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Marcas próprias: mudança de hábitos?

Já aqui falei do fenómeno "compras", mas volto a falar nele porque vai muito além de questões de preço. Um dos detalhes que mais surpreendeu quando cheguei a Angola foi a presença de várias marcas do meu imaginário português: Fula, Milaneza, Mimosa, Oliveira da Serra, Sicasal, entre outras. Para quem viveu no Brasil, a história repete-se: Havaianas, Ninho, Sadia, entre muitas outras. Sabemos que a presença destas marcas tem explicações variadas e que vão muito além da promoção do mercado da Saudade e por isso não vou falar desse assunto aqui, mas a verdade é que, para mim, representa uma verdadeira mudança de hábitos.
A questão impõe-se: e marcas próprias (ou "marcas brancas"), existem aqui? Com certeza que sim, mas em muito menor número do que vemos nos supermercados portugueses. É por isso que regularmente dizemos que a vinda para Angola nos provocou uma mudança de hábitos: se em Portugal éramos consumidores assíduos das marcas próprias por causa do que nos parece ser uma excelente relação qualidade-preço, aqui ainda não podemos adoptar a mesma estratégia porque a oferta é muito escassa e, em vários casos, inexistente.
Um dia destes falarei do consumo de produtos nacionais, mas hoje não é o dia :)
Imagem retirada da internet.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Empregadas domésticas.

À semelhança do que ainda acontece no Brasil, em Angola é comum existir a figura da empregada doméstica a tempo (quase) inteiro nas residências. Normalmente faz a limpeza da residência e, nalguns casos, cozinha. No Brasil, principalmente nos apartamentos mais antigos, ainda é evidente o quarto e a respetiva casa-de-banho para as empregadas internas. Em Angola também é comum existir uma empregada para tomar conta das crianças ("bábá", "babysitter" ou, simplesmente, "empregada"). No Brasil, a "bábá" veste habitualmente um uniforme branco. Aqui não consigo ter certeza que isso aconteça. Também não tenho visto quartos específicos para as empregadas angolanas, mas não posso garantir que não existam.
Dizem-me os mais experientes que é comum as empregadas domésticas diárias serem remuneradas com um salário (a partir de 22000 kwanzas), apoio monetário diário ou semanal para o táxi e refeição (normalmente, quando cozinham para os patrões já contam também com uma ou duas refeições para si). 
Nos dias de hoje parece que a oferta de candidatas é bastante superior à procura, mas nem sempre foi assim: houve tempos em que não era fácil encontrar uma empregada doméstica para as casas angolanas.
Foto meramente ilustrativa e retirada do filme "As serviçais".

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

E por que tenho de ter atenção?

Seja em Portugal, Brasil, Angola ou noutro qualquer canto do mundo: para mim, gerir um orçamento será sempre um exercício de atenção e cuidado. Por isso: falemos do que interessa. Um dia destes vi um produto que, pelo preço tão absurdo a que estava, me fez tirar a respetiva foto: 4 rolos de papel higiénico a quase 2000kwz (ao câmbio oficial: cerca de 10 euros). Entretanto, nesse mesmo dia precisei de ir a outro supermercado e, por acaso, vi os mesmos 4 rolos de papel higiénico. Sim, também tirei foto.
Conclusões? :)
Em comum: mesmo preço, mesma marca, mesmo dia, mesma cidade. Diferente: supermercado.