segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Os olhos tristes.

Ao longo dos meus quase 20 e poucos anos de vida (!!!!!) posso dizer que raramente convivi com situações de pobreza extrema. Existem seguramente nos outros países em que vivi, mas tive sorte: nunca me cruzei sistematicamente com elas. Contudo, a experiência brasileira e angolana tem-me trazido novas lições...
Foi no Brasil que comecei a "experiência". Graças a uma amiga aprendi que há muita gente que sobrevive à custa do que encontra nos caixotes do lixo e que todos nós poderemos - em qualquer parte do Mundo - tornar esta tarefa menos ingrata. Embora habitualmente não tenha desperdícios, a verdade é que nunca mais consegui jogar restos de comida ao lixo: sempre que não tenho outras alternativas, coloco os restos de comida (mesmo que sejam reduzidas quantidades!) dentro de sacos de plástico, que fecho bem para que o seu conteúdo não fique contaminado quando for misturado com o outro lixo.
Em Luanda, a situação mantém-se e é-me particularmente difícil de gerir: há vários adultos e crianças que me abordam dizendo que têm fome. Bolas, como lidar com isto? Não se consegue :(
Viver longe da nossa zona de conforto é resmungar muitas vezes, é perguntar-se constantemente o que se faz longe de casa, é desgastar-se fisicamente, é maldizer todas as "pedras" que surgem no caminho, é emocionar-se com pequenas coisas e é, acima de tudo, dizer que se é muito abençoada por ter direito a condições de vida acima da média da maioria da população.

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